Este texto foi adaptado da interlocução posterior ao segundo encontro que foi estabelecida com participantes e suas questões e curiosidades. O seu tom de carta é porque originalmente tinha essa função mesmo, inclusive cheguei a enviá-lo em formato de áudio no WhatsApp acompanhado do texto por escrito. Mantive as menções aos momentos da viagem, pois compõem parte indispensável das atividades.
Para começar, sei que fiquei devendo uma noção sobre corpo e mito. Comecei a falar um pouco no carro sobre as imagens corporais do regime heroico e paramos por aí. Fizemos aquela parada no posto Escala e acabamos escalando para outros assuntos mais amenos e não quis interromper o clima gostoso da viagem de volta, porque, afinal, também é muito bom ter esses momentos mais descontraídos.
Em síntese, mito é corpo. No sentido de que é no corpo que nascem as imagens que compõem o repertório das possibilidades imagéticas que habitamos enquanto espécie sapiens. As mitologias constituem-se desse repertório de imagens possíveis, todas nascidas a partir do nosso corpo, de cada corpo, num processo filogenético (ou seja, referente à espécie). É isso que o campo do imaginário estuda.
Para essa breve introdução sobre o tema mito e corpo, recorro a Contos vertíptico: um início que escrevi entre o primeiro e segundo encontros do Núcleo Sambaqui, porque considero um material bastante sintético, porém, bem exemplificado.
Não sei qual palavra você utilizaria para dizer da sua impressão sobre o conto: enigmático, confuso, doido, bonito, complicado, sem sentido, complexo. Seja lá qual palavra for, vale destacar a importância da sua impressão diante dele. Como formulou Paul Ricoeur, o que importa é o que está diante do texto - que é o leitor. Ele diz isso no seguinte contexto filosófico: quando buscamos algum sentido que está atrás do texto, é uma relação do ponto de vista racionalista, para o qual existe uma verdade para ser "captada" e há uma chave explicativa correta para decifrá-la. É, portanto, uma leitura de suspeita, que é também a leitura predominante das psicologias e da psicanálise, seja suspeitando da verdade escondida por detrás de cada fala e aparência, seja procurando no complexo de édipo a chave explicativa para este ou aquele sintoma manifesto. O marxismo, o estruturalismo, o positivismo, também são exemplos dessas hermenêuticas redutoras, assim chamadas em contraponto às hermenêuticas simbólicas, também chamadas de instauradoras por seu caráter ampliador. Na hermenêutica simbólica do Paul Ricoeur, nós, os leitores, que estamos diante do texto com nossa capacidade de leitura naquele momento, somos o que importa. Sabe quando lemos um livro em um momento da vida e depois o relemos e temos uma percepção diferente a seu respeito? O livro é o mesmo, o que mudou foi nossa percepção. É nesse tipo de experiência que é possível entender os processos envolvidos: ou seja, nossa forma de captar e de atribuir sentidos é dinâmica. Essa dinâmica é do interesse da mitohermenêutica durandiana, porque parte da premissa de que podemos cada um comportar modos diferentes e até contraditórios sem aquela cisão aristotélica sobre a qual conversamos na viagem de ida. Esses modos que nos coabitam são chamados, no imaginário, de regimes de sensibilidade. São três: o regime heroico (também chamado solar, diurno ou apolíneo - por causa de Apolo, deus grego do sol e da razão), o regime místico (também chamado lunar, noturno ou dionisíaco - por causa de Dionísio, deus grego do vinho e das orgias) e o regime dramático (também chamado crepuscular ou hermesiano - por causa de Hermes, deus grego das trocas e das viagens). Os regimes de sensibilidade não são fixos, uma pessoa ou estrutura pode alternar entre eles e podem até ocorrerem simultaneamente. Ao contrário da lógica aristotélica que não comporta contradições e que pode ser resumida na fórmula clássica "Premissa maior: Todos os homens são mortais. Premissa menor: Sócrates é homem. Conclusão logicamente derivada: Sócrates é mortal".1
Voltando aos regimes de sensibilidade, eles são compostos de acordo com a predominância de determinadas imagens corporais. Segundo Gilbert Durand, os reflexos corporais da digestão e do acolhimento, atrelados aos órgãos digestivos e ao abraço, produzem as primeiras imagens que constituem o regime de sensibilidade místico, em que predominam as imagens da necessidade de pertencimento a algo maior, de comungar, de fraternizar e de dissolver-se.
As imagens pertencentes ao regime heroico nascem das imagens corporais de verticalidade, do vigor e do domínio visual, atreladas aos membros do sistema motor, à coluna vertebral e à visão. Por sua vez, essas primeiras imagens que experimentamos corporalmente produzem novas imagens pertinentes a esse registro, como o domínio da experiência por meio da racionalização, a hierarquização, os vanguardismos, a ideia de progresso e de supervisão.
O regime crepuscular guarda em seu nome a indicação do seu caráter transicional e cíclico, a operação de opostos (dia e noite, sol e lua, heroico e místico), a presença do terceiro incluído e a conformação de tríades. As imagens corporais de ritmo, constância e ciclo são experimentadas pelo feto na sua gestação, em contato com o ritmo ternário das batidas cardíacas da mãe, no movimento do fluxo do líquido amniótico, na experiência narrativa do sonho e nas experiências de contatos e trocas através da pele.
Essa classificação, por si mesma, não tem muito valor, mas é passagem necessária para um melhor entendimento da composição desses estudos. Ela nasce da necessidade de demonstrar o pertencimento do mito ao corpo, do nascimento das imagens míticas a partir das imagens corporais.
Daí a capacidade de estes estudos encontrarem ressonâncias nos corpos envolvidos, já que a raiz do mito é o corpo.
Por isso também, ao me dedicar em apresentar minha leitura sobre as propostas para os participantes do núcleo, optei pela narrativa do conto ao invés de apenas uma argumentação analítica teorizada.
Uma das formas para alcançar essa ressonância é o recurso narrativo. Não por ser supostamente fácil ou didatizada, mas por apresentar a dinâmica das imagens, cujo movimento, como disse acima, é o “pulo do gato" para a mudança epistemológica que comporta contradições - bem exuisticamente falando mesmo.2
No processo narrativo, as imagens estão em sua mais nobre expressão, coisa que muitas vezes o academicismo se esforça em “assassinar” através de suas exigências analíticas (etimologicamente, análise significa dividir em partes) tão contraditórias em forma e conteúdo aos estudos simbólicos (símbolo significa juntar, fundir). Talvez as dissecações sejam um método analítico favorável quando se trata de sapos pregados em uma bancada, mas duvido que este método analítico daria conta de estudar as manifestações vibrantes e cheias de vida do imaginário vivo, porque “dissecar” analiticamente essas manifestações culturais numa bancada, como se fossem sapos mortos, nos retiraria a possibilidade de adentrar justamente na dinâmica das imagens em questão.3
A descrição densa ao modo fenomenológico parte da suspensão dos juízos por causa disso.
Ela é uma criação poética em dois sentidos. Primeiro, por se tratar de um exercício em que adentramos os sentidos, nos deixamos envolver pela força das imagens que só são pertinentes porque estão vivas. Os mitos estão vivos nas mais diversas atividades culturais e cotidianas e se mostram na corporeidade manifestada. E, quando descrevemos ao modo fenomenológico, estamos captando esses sentidos e também atribuindo sentidos de acordo com nosso momento na trajetória de vida. Por isso, não estamos mais trabalhando com a velha e já pouco satisfatória dicotomia objeto e pesquisadora, nem racionalismo e empirismo. Na antropologia simbólica, esses pólos estão articulados, porque não impera a impessoalidade do academicismo, mas sim a co-implicação, ou seja, admitimos a interferência do observador no fenômeno observado e, em mão-dupla, somos afetados pelo que estudamos. Então, a descrição que mais nos vale não é a dos fatos, a cronologia ou a lógica dos acontecimentos e o que eles denotam. A descrição que mais nos vale é a dos sentidos. Daí a validade do recurso narrativo, das metáforas e das conotações. A descrição fenomenológica começa com a suspensão dos juízos por esse motivo, por nos solicitar uma entrada em estado de poesia, das imagens, dos sentidos - como se fosse um olhar inaugural. O estado dos juízos ainda nos prende na explicação, é um estado de vigilância da mente que policia nossa observação com preceitos que carregamos, como as prescrições que aprendemos via teorias (feminismo, marxismo, estudos culturais etc.) ou pela via dos nossos valores morais. Portanto, nos aparta do objeto estudado e não nos permite o estado de co-implicação tão necessário nas hermenêuticas simbólicas e seu compromisso com os sentidos.
Além desse estado de poesia, quando descrevemos fenomenologicamente, estamos trabalhando com o segundo sentido de poesia, a poiésis. Poiésis significa criação. Enquanto fazemos a descrição ao modo co-implicado, estamos criando uma realidade ímpar, justamente porque ela nasce da combinação única da pessoa que pesquisa e do fenômeno que é observado. Trata-se de uma fotografia daquele momento, que é único tanto do ponto de vista de quem pesquisa quanto do que é pesquisado. No nosso campo de pesquisa simbólica, não temos a pretensão de atingir a verdade sobre o tema que estudamos, mas uma verdade possível naquele momento. Lembra do exemplo da leitura do livro? O que muda é o leitor e é isso que nos importa, o que está diante do texto, e não a verdade que estaria por detrás dele.
Foi assim que compus “Contos vertípticos”. E é por isso que ele é válido, mesmo se tratando de uma ficção. Depois do primeiro encontro do Núcleo Sambaqui, tinha diante de mim a tarefa de decidir qual proposta de atividade seria mais pertinente. Então, ao invés de pensar com argumentos que partem dos juízos da sociologia ou da psicanálise, por exemplo, me dispus a pensar simbolicamente. Percebi que a primeira proposta das oficinas de artes e apresentação de palhaço me apresentava muitas imagens do regime lunar, que são imagens de acolhimento, pertencimento e fraternidade. A segunda proposta da roda de plantão de dúvidas me apresentava muitas imagens do regime diurno, que são imagens de esclarecimento, de progresso, de hierarquia e da razão. Já a terceira proposta da entrevista me apresentou mais imagens crepusculares, que são imagens de inversão, de trocas e de diálogo. Por isso, optei pela entrevista. Não por que o crepuscular seja superior aos outros dois, mas pelo seu potencial de mobilizar, de desestabilizar a possível saturação do diurno ou noturno, função que achei importante evitar, por ser nesse estado de saturação que os regimes apresentam os seus aspectos mais deteriorados, inclusive patologizado - para o qual prefiro realmente não contribuir. Mas tenho a tranquilidade de saber que essa foi uma leitura possível naquele momento, uma fotografia - e não a verdade absoluta sobre a eficácia desta ou daquela proposta. Sei que as imagens que se apresentaram para mim naquele momento poderiam ter sido outras em outro momento, já que tanto eu quanto a situação somos dinâmicas.
Assim como ficcionei em “Contos vertípticos”, usando personagens da minha autoria numa obra anterior (“O voo da pedra em flor”), é possível admitir que quando escrevemos o memorial, somos nossa própria personagem, ainda que em primeira pessoa, já que se trata de uma criação. Poética no sentido do uso de metáforas e conotações para adentrarmos nas imagens vivas e poética no sentido de poiésis, criação que vai além das dicotomias.
É nessa poética que a imaginação dialoga com a memória. Se podemos falar de uma arqueologia simbólica, não é no sentido de recuperar algo perdido, mas do diálogo possível com as imagens primeiras do corpo, antigas no sentido de instauradoras, míticas, memória corporal que ressoa porque viva.
Assim, ao ler “Contos vertípticos”, quando Wukong está no acolhimento do figueirão, sentindo-se alimentado pela seiva da árvore como quem consulta uma biblioteca - como isso ressoa no leitor? Quando Wukong sai do ventre da árvore, rompe com a segurança daquele acolhimento num movimento rompante e, já ereto e cheio de vigor, como um Don Quixote a enfrentar moinhos - como isso ressoa no leitor? Ainda, quando Wukong põe-se a perambular pelas ruas, matutando troças e fazendo trocadilhos, encontra a tríade que lhe aponta a subversão possível de papéis, seja pela conciliação paradoxal, seja pela inversão dos ocasos - como isso ressoa no leitor?
Vale lembrar, cada um desses três momentos enfatiza um dos regimes de sensibilidade, respectivamente: lunar (acolhimento da árvore), solar (vigor corporal e do lápis em riste) e crepuscular (perambular, tríade, paradoxos).
Com isso, estou tentando dar a ênfase necessária ao conhecimento de nosso próprio repertório de imagens. Nos estudos do imaginário, estamos co-implicadas no processo de pesquisa. Assim, compartilho da minha experiência em que o conhecimento das minhas imagens predominantes, bem como do mito pessoal, foi parte indispensável das minhas investigações, nem antes nem depois, nem acima nem abaixo, mas sim um processo paralelo.
E entendo que é nesse contexto que entra a importância do memorial. Mais que fatos, explicações, justificativa teórica e cronologia, vale ater-se aos sentidos, ouvi-los como se fosse pela primeira vez, buscar senti-los em sua gênese, pois é aí que nos aparecem as imagens com toda a sua potência.
No breve memorial que elaborei para as primeiras aproximações aos participantes do Núcleo Sambaqui, antes do primeiro encontro, dei enfoque principal em uma das imagens que marca minha trajetória: a imagem de Perséfone, exilada no ventre da própria mãe, nos ínferos da terra, no submundo de Hades, mas que perlabora os três momentos da descida, da transformação e da subida pertinentes ao drama vegetal; da semente que é enterrada e que brota para novamente ser ceifada, num ciclo de morte e renascimento.
Longe de vitimismo, esse é um tema mítico que pertence ao regime crepuscular, das transformações através de crises, que transita por mundos culturais, pelo mundo dos mortos e dos vivos como fazem as mulheres da minha etnia que atuam através do transe e que descem ao ventre aquático dos mares do pacífico para coletar pérolas e voltar à tona com seu material precioso. Sejam pérolas ou aprendizados, a recorrência dessa imagem marca minha trajetória, de modo que eu não posso ignorá-la como um importante mito pessoal. Assim como não dá para negar sua forte presença nos temas shakespearianos do sacrifício da primavera, como em Romeu e Julieta ou na figura da Ofélia em Hamlet, por exemplo.
Então, diferente da chave explicativa utilizada pela psicanálise ou pelas psicologias, o mito de Perséfone não é apenas traduzível como estupros. Do mesmo modo, nem todos os estupros pertencem ao mito de Perséfone.
Novamente contrariando uma postulação aristotélica: como nem todo filho de peixe, peixinho é, o guénos onde nasci possui fortes traços satúrnicos. Ao invés da lógica mimética aristotélica, o imaginário comporta a compreensão de fenômenos que seriam anômalos dentro da defesa aristotélica sobre a mímesis; entendimento este que não admitiria a existência de flores nascidas de pedras. Assim, como nem todo filho de rei, príncipe é, ou ainda, como nem todo filho de Saturno mantém a herança ceifadora Urano-Saturno-Júpiter, são os estudos do imaginário que admitem a lógica paradoxal da jornada de "pedras que voam em flor" através da contraposição de mitos pessoais e mitanálises sociais.
Segue abaixo o meu exercício de escrita de memorial que, de tão suscinto, talvez seja melhor denominá-lo "mini-memorial". Ele foi escrito antes do início das atividades do segundo semestre de 2024, no momento de aproximação às pessoas que se inscreveram para participar do núcleo.
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Nasci Graziele Miyashiro e, atualmente, Graziele Ferreira, sobrenome de casada que me possibilitou retirar o sobrenome paterno da apresentação social, que em nada me agradava por carregar histórico de violências. Não apenas violência física e psicológica, mas também cultural, dado que Miyashiro é uma versão niponizada deste nome de origem uchinanchu, etnia de um dos dois povos nativos que ainda habitam o arquipélago que hoje se chama Japão, cuja colonização deixou marcas bastante opressivas sobre as duas outras etnias, chegando a declarar, inclusive, que em seu território não habitavam populações originárias. A declaração do reconhecimento da existência de populações indígenas (ainu e uchinanchu) por exemplo, só foi feita pelo governo japonês em 2008 e uma das formas de apagamento da diversidade cultural de uchina é reduzi-la a uma prefeitura chamada Okinawa. Tenho 38 anos, trabalho desde os 10 anos, razão pela qual tive que interromper a escolarização na 3a série do ensino fundamental. Autodidata em decorrência disso, postura intelectual que me marcaria desde então, mesmo ao longo da minha trajetória no ensino superior, a partir do ingresso na FEUSP e no trânsito pela UNESP e UNICAMP, via intercambio entre as universidades paulistas, possibilidade prevista no regimento destas instituições. Brasileira até o último fio de cabelo, ou até a última nota da sanfona de um baião. Sim, os brasis abarcam toda essa diversidade em suas paisagens culturais... não apenas minhas experiências com o trabalho infantil, miséria, violências, abandono escolar, injustiças da colonização, direitos humanos, precariado e neoliberalismo são temas pertinentes à cultura brasileira, que são temas que a sociedade brasileira recebe com mais familiaridade; mas também são brasileiras as questões que costumam ser relegadas como estrangeiras, como o êxodo uchinanchu e o movimento decassegui (na verdade, tudo ali intrínseco à aurora do neoliberalismo no Brasil). Justamente por isso, para o mesmo lugar que se relegam esses temas, fui relagada por anos a trabalhar com temas mais "adequados" (entenda-se "estrangeiros") a minha suposta cultura. Supondo não ser brasileira, dado o meu fenótipo oriental (talvez o fenótipo que representa a alteridade máxima do ideário brasileiro para o que se aceita caber refletido em seu espelho), os temas "adequados" a mim seriam os chineses. Pois bem, após quase 15 anos de trabalho na educação de chineses imigrantes na cidade de São Paulo, escrevi um estudo em forma de dramarturgia buscando tratar das ressonâncias entre a realidade que nos deparamos ao longo daqueles anos e o mito chinês chamado A Jornada ao Oeste, a partir da mitohermenêutica. Como segundo resultado não previsto no início da pesquisa, foi a descoberta de aspectos da epistemologia uchinanchu, cuja materialização dessa ancestralidade possibilitou a abordagem multitextual que constitui aquele estudo. Isso foi em 2017. No ano seguinte, comecei o trabalho de educação popular na região de Cesário Lange, onde, apesar de já ter ouvido, entre outras coisas, que "gente da sua raça não fala aqui", seguido de ameaça física, continuo insistindo em transitar em prol da boa convivência e das trocas decorrentes disso, inclusive o aprofundamento teórico ao qual vocês estão convidados a participar a partir desse semestre em parceria com o Lab_arte.
Graziele Ferreira
Coordenadora do Núcleo Sambaqui